segunda-feira, 19 de julho de 2010

1940

De uma parte, o ensino do desenho visa desenvolver nos adolescentes o hábito da observação, o espírito de análise, o gosto pela precisão, fornecendo-lhes os meios de traduzirem as idéias e de registrarem as observações graficamente, o que, além de os predispor para tarefas da vida prática, concorrerá também para dar a todos melhor compreensão do mundo de formas que nos cerca, do que resultará, necessariamente, uma identificação maior com ele.
Mas, por outro lado, tem por fim reativar a pureza da imaginação, o dom de criar, o lirismo próprios da infância, qualidades geralmente amortecidas quando se ingressa no curso secundário, e isto tanto devido à orientação defeituosa do ensino do desenho no curso primário, como devido mesmo à crise da idade, porque, então, esses novos adolescentes, atormentados pelas críticas inoportunas e inábeis dos mais velhos, já perderam a confiança neles mesmos e naquele seu mundo imaginário onde tudo era possível e tinha explicação, sentem-se inseguros, acham os desenhos que fazem ridículos e têm medo de "errar".

(Ensino do Desenho, 1940)
pág 40.

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